ILUSÕES, VAIDADES, E ESCRAVIDÃO.
A cegueira continua, e as mulas, cegamente, vão prestando os seus serviços escravos, mas, é claro! Tudo por amor.
A grande massa dos que se dizem sambistas, nunca estiveram na chamada cidade do samba, se tais o fizessem, talvez jamais tornassem os seus pés nas quadras das escolas; pois poderiam a partir daí, terem um momento que fosse de reflexão. É simplesmente impressionante ver a qualidade dos veículos dos carnavalescos nas vagas cativas do estacionamento, e é lamentável ver o final dos desfiles das escolas mais pobres, quando os coitados dos súditos, têm que sair pelas ruas da cidade, como verdadeiros escravos, empurrando gigantescos carros alegóricos; por estas cenas, vemos que a escravidão ainda não acabou, mas pelo menos, estes podem decidir se param ou continuam. Porém, nunca vimos um presidente de escola por a mão em nada, exceto é claro, na grande fortuna doada pelos patrocinadores, mas isto sequer precisa chegar aos ouvidos dos escravos, a final, tudo o que fazem, é por amor.
Além dos patrocínios individuais dos carros, ainda tem a grande doação dos governos: Dois milhões de reais por ano, não para todos, é claro, mas como noventa por cento do material é reaproveitado para o próximo ano, a diretoria carnavalesca agradece a contribuição.
Enquanto os pobres coitados mulos arrastam suas pesadas fantasias na Sapucaí, as redes de hotéis lhes deixam os sinceros agradecimentos pelo faturamento dos poucos dias que valem ouro. Mas é claro, isto não importa aos escravos, a final, é tudo por amor, e como pisariam na Sapucaí se não fosse desta forma, não importam quem ganhe pesados lucros sobre suas costas, a final, eles são os astros, o espetáculo, são os gladiadores que alegram a arena... bravo!!!
Será que algum destes empregados não remunerados já parou para pensar no porque de as redes de TV quase se matarem pelo direito da cobertura do carnaval? É claro que não, a final, o que importa, são astros, estarão no meio de uma grande massa, os DVD’s gravados irão para todo o mundo, e eles irão também, o que importa que os empresários da rede televisiva fiquem um pouquinho mais milionários, e que não lhes dêem nenhuma participação em seus lucros, a final são os astros, e o fazem por amor, somente por amor.
E assim como no carnaval, tal o é também nos clubes de futebol, onde os torcedores batem no peito e dizem o meu time, o meu clube, e assim a grande massa se reúne nos gigantescos estádios para pagarem os expressivos salários dos jogadores, que por sua vez não têm time nem clube, mas o que pagar mais está muito bom...
É isso aí, podem retirar o tronco, podem retirar as algemas e os chicotes, mas enquanto não houver entendimento haverá sempre escravos, e haverá sempre Senhores de Engenho. (O autor não é desconhecido, mas um ex-escravo).
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quarta-feira, 10 de agosto de 2016
ILUSÕES
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